Os biomodelos 3D são construídos a partir de exames de imagem, como tomografias computadorizadas (TC) ou ressonâncias magnéticas (RM), utilizando softwares especializados de biomodelagem.
Esses softwares trabalham com dados pós-processados (não os dados brutos) para gerar modelos tridimensionais de alta qualidade. Mas, para que isso aconteça, é essencial seguir algumas diretrizes e boas práticas.
Para que os biomodelos tenham precisão, os exames precisam ser adquiridos como volumes isovoxel, ou seja, com voxels (a versão tridimensional dos pixels) de tamanho igual em todas as direções. Isso é possível salvando os dados no formato DICOM e garantindo que a espessura das seções seja igual ou menor que o tamanho do pixel.
Atualmente, a maioria dos tomógrafos modernos já realiza aquisições volumétricas. No entanto, o pós-processamento é fundamental: é necessário ajustar a espessura das seções para, idealmente, menos de 1 mm. Isso permite a obtenção de biomodelos mais detalhados e com menos artefatos.
Quando o objetivo é criar biomodelos 3D ósseos, o uso de reconstruções de tecidos moles é preferível. Por quê?
Reconstruções baseadas em tecidos moles minimizam artefatos ósseos (que são estruturas que surgem nas imagens) que podem surgir durante o processamento das imagens, resultando em um modelo final mais limpo e fiel à realidade anatômica.
Já no caso da RM, o cenário é um pouco mais complicado. Sequências volumétricas tridimensionais não são comumente incluídas nos protocolos padrão de diagnóstico. Portanto, se há uma possibilidade de necessidade de biomodelagem, o planejamento prévio se torna essencial.
Embora seja possível criar biomodelos a partir de sequências adquiridas por planos (ou seja, com cortes em 2D), isso pode introduzir artefatos de “degrau” no modelo final, dependendo da espessura das fatias usadas. Para evitar esse problema, o ideal é usar sequências volumétricas.
Como essas aquisições volumétricas podem demorar mais, é recomendável planejar caso a caso, priorizando sequências que ofereçam o maior contraste entre a doença do paciente e os tecidos ao redor. Protocolos otimizados para biomodelagem já estão publicados e podem ser consultados para situações clínicas específicas.
Assim como na aquisição de imagens para diagnóstico, é fundamental minimizar artefatos que possam comprometer a qualidade do biomodelo. Movimentos do paciente e a presença de objetos metálicos são duas das principais fontes de interferência. Aplicar as mesmas práticas para garantir a qualidade diagnóstica também é válido para a criação de biomodelos.
Biomodelos de alta qualidade oferecem mais do que um simples suporte visual. Eles são ferramentas essenciais para cirurgias de alta precisão, planejamento de intervenções complexas e comunicação clara entre médicos e pacientes. A atenção aos detalhes durante o processo de aquisição e pós-processamento das imagens é o que transforma um exame comum em um modelo tridimensional capaz de salvar vidas.